Quem me conhece bem, sabe o quanto sou intransigente relativamente a alguns pontos na escolaridade, mais especificamente no 1º ciclo.
Podendo claramente chocar alguém assumo que sou contra os trabalhos de casa.
Porquê? Nunca frase:
O processo de ensino e aprendizagem deve ser em grande parte lúdico. As crianças aprendem a aprender e aprendem brincando. As atividades introdutórias do ensino da leitura e da escrita, por exemplo, despertam por si só um grande fascínio e curiosidade nas crianças. Este interesse deve ser fomentado e não forçado.
Este ano a princesa tem a sala do jardim de infância no mesmo piso que as salas do 1º ciclo e todos os dias ela gosta de ir espreitar "o que os crescidos estão a aprender". Adora as atividades dos livros que a educadora faz com eles ao longo do dia e ao final da tarde gosta de se vir sentar ao meu lado, eu a fazer os meus relatórios no computador e ela com o seu caderno e lápis "a escrever".
Faz isto porque quer e quando quer. Porque vem entusiasmada da "escola" e porque tem sede de aprender.
E sei que todos os dias aprende. Todos os dias vejo o brilho dos seus olhos ao contar o que fez. Mas aprende através dos trabalhos que faz com a educadora. Aprende através dos passeios que vão dar. Aprende cada vez que tem que se despir ou descalçar sozinha. Aprende quando ajuda a distribuir as bolachas. Aprende quando tem que esperar porque os pincéis e as tintas estão ocupadas por outra criança. Aprende a cada momento. E isso chega-me enquanto mãe e chega-me enquanto psicóloga. E isso importa-me muito mais do que o desenho que faz ser mais ou menos detalhado.
Ao fim do dia, quando vêm para casa, as crianças precisam de brincar e precisa de descansar. E porventura, se tiverem vontade, podem contar o que fizeram, não precisam obrigatoriamente de ser sobrecarregados com fichas. O cansaço e a saturação são inimigos da curiosidade e do prazer da descoberta.
Deixemos as crianças ser pequenas, porque aprender também cansa.



Nenhum comentário:
Postar um comentário